Há exatamente um ano atrás eu me despedia de meu pai.
Foi um dia triste, repleto de sentimentos turvos e confusos.
A constatação de um acontecimento tão definitivo como morte é algo desnorteador.
Passaram-se 365 dias desde então. 365 dias sem a presença de meu pai. 365 dias sem que deixasse de pensar nele um dia sequer. 365 tardes sem ouvir o baulho da bicicleta chegando em casa nem o assovio baixinho. 365 noites sem ouvir sua bênção antes de dormir.
o tempo realmente possui um efeito muito grande em nosa vida e naquilo que sentimos, pois nos permite processar e etender melhor cada acontecimento, cada perda.
A dor por não ter mais a presença de meu pai e não ter mais chances para lhe mostrar meu amor ainda existe e acredito, sempre exisitirá. Mas as lembranças felizes vão ocupando um espaço maior em meu coração à cada dia que passa assim como o sentimento de gratidão por cada momento vivido, por cada palavra, por cada sorriso, por cada ensinamento.
Uma das coisas que mais me deixam feliz é lembrar como meu pai sentia orgulho de mim. Era um orgulho tão genuíno, tão simples e tão humilde... tão verdadeiro.
Em 1999, comecei a trabalhar na mesma empresa em que ele trabalhava e me marcou profundamente a expressão que se estampou em seu rosto ao meu ver, pela primeira vez, coordenar uma reunião geral com os funcionários e fazer uma pequena palestra. Era um sorriso quase infantil. Quando cheguei em casa ele me estendeu a mão e me parabenizou dizendo que sentia muito orgulho por eu ser uma pessoa tão inteligente e tão talentosa.
Na verdade, a reunião não foi nada de mais... O que sempre foi demais foi o amor de meu pai por mim. E mesmo que eu não tivesse a mesma facilidade dele em expressar, o meu amor por ele também sempre foi imenso.
Que Deus o tenha presenteado com a paz, a felicidade e o descanso eternos, papai.
