
Claro que o fato da morte narrar uma estória é realmente algo inusitado. Mais inusitado ainda o fato de ela ser uma excelente narradora!
Mas eu quero falar é a respeito da menina Liesel Meminger que, perdeu tudo que lhe era importante: o irmãozinho - a quem viu morrer nos braços da mãe - e sua mãe que, enfrentando as dificuldades de se viver na alemanha nazista, se viu obrigada a enregá-la a uma outra família.
Confesso que não gostei da parte inicial do livro. A parte onde a nossa amiga morte narra o percurso da menina até sua nova casa e sua família adotiva. Mas então, a estória se enche de beleza, pois a menina Liesel ganha um grande presente em sua vida: seu pai adotivo Hans Hubermann.
A partir daí a ilustre narradora começar a contar-no um pouco da vida cotidiana da menina Liesel, sua infância, sua família adotiva e, com uma bondade inesperada, a morte nos presenteia com lindas narrativas sobre a relação cada vez mais estreita entre pai e filha, entre Liesel e Hans. Ainda estou no início do livro, mas espero que a narrdora saiba conduzir toda a estória com a mesma beleza que tem usado para descrever os momentos de Liesel com seu pai adotivo.
Acho que certos personagens são universalmente tocantes, como a figura de pais e mães, por exemplo. Os momentos de Liesel e Hans lembram-me momentos meus com meu pai em minha infância... A forma paciente como ele faz companhia a ela à noite após os pesadelos, o carinho, as piscadelas disfaçadas...quando ele toca acordeão para ela...Esta última passagem em especial me lemba muito meu pai, que quando eu era criança, sempre cantava pra mim um cantiga engraçadinha assim:
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Estou na sombra da noite
Pensando na luz do dia
O dia inteiro penso estar
À noite em sua companhia
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Você diz que bala mata
Bala não mata ninguém
A bala que mais me mata
É o desprezo do meu bem
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Casa de pobre é ranchinho
Casa de rico é de telha
Se ter amor fosse crime
Minha casa era cadeia
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Quanto mais tu me despreza
A dor no meu peito inflama
Quem eu quero não me quer
E quem eu quero não me ama
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Beija flor que beija a rosaSe despede do jardim
Assim fez o meu amor
Quando despediu de mim
Cabelo loiro vai lá em casa passear
Vai, vai cabelo loiro
Vai cabar de me matar
Engraçado como tudo hoje em dia me lembra meu pai e faz doer em mim as saudades.
2 comentários:
já ouvi falar desse livro, mas nunca ouvi essa cantiga. e que bom que hoje em dia tudo te lembra ele. assim ele permanecerá junto de você, nas suas lembranças.
Engraçado gostei mais da parte inicial do livro do que do fim.Mas no geral é bom. Agora comprei um livro que tenho certeza que vc vai gostar chama-se " A arvore das palavras". bjs
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