segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mão Única

Tenho observado como certos relacionamentos – familiares, amorosos ou de amizade – ás vezes se desenvolvem baseados em uma relação de poder, onde há sempre um lado mais forte que o outro e como estes relacionamentos são complicados e ás vezes dolorosos.

Não digo que não exista afeto, amor e carinho verdadeiros, pelo contrário. Mas o fato é que relações de poder são perigosas. Aquele cuja personalidade é mais forte e dominadora, que não admite estar errado, que gosta de dar sempre a última palavra e que consegue manipular todas as situações a seu favor acaba encontrando prazer nesta situação cômoda, o que fortifica suas características.
Mas o contrário acontece com aquele cuja personalidade é mais frágil, cuja carência o leva a querer agradar e a buscar aceitação por parte do outro e, por vezes se subjuga acreditando estar evitando atritos que poderiam comprometer o relacionamento, ele se cansa e se frustra, pois, apesar de seus esforços, não percebe no relacionamento a troca que esperava.
Relacionamentos de mão única não têm futuro.

O que acaba acontecendo é uma revolta como aquelas que estudamos em História, onde a classe dominada não se subjuga mais ás ordens da classe dominadora e luta por igualdade. Claro que, neste caso, a revolta é expressa em pequenos detalhes, discussões que antes não aconteceriam, comportamentos que antes seriam evitados, palavras que antes não seriam ditas e pedidos que desculpas que, antes eram tão comuns começam a ficar escassos.

Na maioria das vezes nem chega a existir uma discussão realmente séria, e, na prática, todas as questões são resolvidas, esclarecidas, mas começa a surgir um afastamento de ambas as partes, pois um espera que o outro dê o primeiro passo, dê o braço a torcer e vice-versa. Aquele que sempre foi mais forte e dominador na relação não faz isto porque se acostumou ditar as regras e aquele que sempre foi mais frágil e mais carente também não faz isto, pois o que deseja realmente é uma mudança que o faça sentir-se valorizado.

Infelizmente, é desta maneira que morrem muitos casamentos, namoros, relações em família e amizades.

2 comentários:

Zoopas disse...

Olá, Leila,
Não tenho muito o ábito de visitar blogs. Porém, me surpreende, gostei muito deste post, voltou inspirada.
Um grande abraço,

Nil

railer disse...

quando a gente gosta muito, a gente acaba se sujeitando a certas situações apenas para não perder a pessoa amada ou medo de estremecer o relacionamento. e leva um pouco de tempo até que a gente perceba como uma situação assim é ruim pra gente mesmo.
o diálogo sempre foi a forma mais correta para agir, mas mesmo assim há situações em que a gente não fala as coisas, pelos mesmos motivos citados.
mas uma hora tudo explode. e a coisa fica boa de novo ou morre de vez.